Abri os olhos e vi o teto do meu quarto, meio embolorado depois de tanto tempo sem sentir a luz do sol. Olho pros lados e um Espírito Santo na parede me abençoa de novo. Mesmo assim, ainda sinto que minha alma vai saindo do meu corpo aos poucos, deixando, talvez, um último fio de esperança de poder te ver de novo. Tantos anos se passaram desde aquele episódio em que eu chorei na frente do computador, quando me disse que gostava de mim como uma irmã. Tanto tempo se foi e tantas águas correram por esse rio desde que eu tentei, em vão, tapar o seu buraco no meu coração com outra pessoa.
E aqui
estou eu, agora. Meus dias, que eu sei que são os últimos, se esgotando. Já não
tenho forças pra me levantar da cama, quem dirá ir correndo atrás de tanto
tempo perdido, de tantas histórias que nem foram escritas, que continuam apenas
na minha mente. Aqui estou, sozinha e com uma vontade imensa de sair por aí,
sem rumo e sem destino, pra ver se o acaso te coloca de novo na minha frente. Querido,
ainda temos tantas palavras pra dizer, tanta coisa pra explicar. Tenho dentro
de mim, mesmo que em segredo, um desejo enorme de te ver de novo, mesmo sem
saber se você já partiu desta para uma melhor.
Talvez você
nem se lembre mais de mim, ou eu seja apenas mais um nome vago na sua cabeça,
sem um rosto definido. Talvez nem se lembre de tudo o que passamos juntos. Mas
eu me lembro. E, por trás de todas essas rugas e desse olhar cansado, ainda
bate um coração só por você.