Ela entrou na sala, eu estava sentado na primeira carteira da fila dela. Ela me olhou com aquele mesmo olhar da última vez. Dor. Eu não queria que ela sofresse, eu só queria que ela encontrasse alguém melhor do que eu para protegê-la. Para cuidar dela, fazê-la feliz. Uma coisa que eu não consegui fazer. Mas agora eu me arrependo tanto, e talvez ela nem desconfie disso. Ela acha que eu não me importo com os sentimentos dela, mas eu me importo. E muito. Eu queria estar lá quando ela chorou por mim de madrugada, eu queria estar lá quando ela sofria com o coração partido, eu queria abraçá-la e dizer pra ela que eu estava ali, que eu continuaria ali pro que ela precisasse. Mas eu não estava lá. Eu fui covarde e tive medo do que os outros pensariam se me vissem com ela. Eu gostava tanto do modo como ela encostava a cabeça no meu ombro, de como mexia no meu cabelo e fazia de tudo para ver o meu sorriso. Eu sinto tanta a falta dela, e queria que ela soubesse disso. Queria que ela tivesse a certeza, como eu tenho certeza de que a amo. Mais do que eu já amei alguém em toda a minha vida. Ela acha que eu já superei, mas eu ainda sofro toda vez que a encontro no corredor, como aconteceu hoje. Eu ia começar a falar tudo isso, mas ela seguiu em frente. Ela me odeia agora, e eu fui um grande idiota por tê-la deixado ir. E todas aquelas vezes em que ela ainda correu atrás de mim, querendo pedir desculpas, achando que a culpa era dela. Amor, eu não disse nada. Eu não proferi uma só palavra porque elas haviam sumido da minha boca. Eu costumava ficar assim quando te via. Tão perfeita pra mim, tão acima do que eu posso ter. Mas, acredite, eu me arrependo. Eu me arrependo de não te ter agora nos meus braços, de não poder mexer no seu cabelo e nem sentir o seu perfume. Estamos tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Eu quero fazer o possível, e o impossível, para destruir esse abismo que se formou entre nós. O abismo que eu mesmo criei. Eu ainda te amo, acredite, e volte pra mim.
Ele estava na primeira carteira da minha
fila quando eu entrei. Eu o olhei, seus olhos estavam fixos em mim. Com
certeza, zombando da minha cara de idiota toda vez que o vejo. Eu não queria,
mas meu olhar deixou transparecer tudo o que eu estava sentindo. Dor. Dor por
não tê-lo mais, me perguntando todas as vezes em que te encontro, onde foi que
eu errei? Porque não o mereci? Queria que soubesse que não existe ninguém
melhor pra mim do que você. Eu quero que você me proteja, eu quero que você
cuide de mim e me faça feliz. Mas você já deve ter superado, enquanto eu ainda
borro a minha maquiagem com você. Eu amava quando eu encostava a cabeça no seu
ombro, de quando eu mexia no seu cabelo, e de como eu te fazia rir. Mas agora
nem a mim mais alegro. Não deve sentir a minha falta, mais eu ainda preciso de
você. Não deve mais gostar de mim, mais eu ainda te amo. Eu te amo como nunca
amei ninguém. Hoje nos encontramos no corredor. Ora, veja o que nos tornamos.
Eu ia falar com você, ia dizer mais um dos meus textos em que o amor dá errado,
e que a culpa foi minha, somente minha. Talvez assim você volte. Mas toda vez
que eu falava isso, você não dizia nada. Devia estar rindo por dentro. Eu não
odeio você, apesar de acordar em alguns dias disposta a me forçar a fazer isso.
Mas o meu amor é maior. O amor que eu ainda sinto supera todas as barreiras que
você criou. Eu te amo demais pra desistir de você.
Eles
seguraram o orgulho, quando deviam estar segurando um ao outro. Eles se amam,
mais falta coragem para admitir. Para o outro, e para si mesmos. Só espero que
um dia essa coragem chegue, e os pegue de surpresa. Fazendo com que assim,
deixem de ser bobos e aprendam que o amor não é um estado de espírito, e sim um
sentimento, que em muitas vezes adormece, mas nunca morre.
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