Peguei aquele hidratante da estante, aquele o qual o cheiro você amava. Me peguei também, pensando em você. Porque, oras, não preciso mais disso. Enquanto penso assim, me encaminho novamente ao banheiro, e debaixo da água gelada tento tirar tudo o que ainda resta de você em mim. As feridas daquela vez em que você deixou a chave do meu apartamento com um bilhete de despedida e foi embora levando o meu coração estão quase completamente cicatrizadas. Não posso correr o risco de abri-las de novo.
O livro que
você me deu ainda está na minha mesinha ao lado da cama, e eu insisto em ler um
trecho toda noite antes de dormir. Aquele vestido que você dizia que eu ficava
muito mais bonita nele, eu fiz questão de dar para uma tia distante, que disse
que usaria na festa de aniversário de um sobrinho de um primo, o qual eu
desconheço. Se você ainda não percebeu, tô tentando me livrar de tudo o que me
lembra você.
Sabe aquela
carta que me deu no dia do meu aniversário? Queimei, junto com fotos e
cartõezinhos de “eu te amo”. Aquele sapato que você odiava, porque me deixava
mais alta que você, uso todo fim de semana pra sair com as amigas, que você
insistia em chamar de oferecidas. E, sabe aquela pasta do computador cheia de
lembranças nossas? Foi pra lixeira, junto com o resto das suas roupas que você
esqueceu de levar quando me deixou.
Ainda é
difícil lembrar disso, mesmo que por milésimos de segundos de um dia qualquer.
Mas eu vou esquecer, e tô tentando muito. E vou continuar, até conseguir.
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