quarta-feira, 27 de março de 2013

Pra sempre é muito tempo.


                Ela: Por que não me deixa em paz?
                Ele: Porque eu não quero.
                Ela: Por favor.
                Ele: Não.
                Ela: Por que sempre foi teimoso assim?
                Ele: Tenho meus motivos.
                Ela: E eu também tenho os meus para querer ficar sozinha.
                Ele: Mas eu não vou te deixar sozinha?
                Ela: Por que?
                Ele: Por... Por que... Porque eu quero cuidar de você, satisfeita agora?
                Ela: Sempre teve problemas em expressar o que sentia, né?
                Ele: Você me conhece desde sempre.
                Ela: Não quero que cuide de mim. Eu sei me cuidar sozinha.     
                Ele: Não, não sabe. Senão não ficaria por aí chorando e sofrendo por uma pessoa.
                Ela: E de onde tirou essa brilhante conclusão?
                Ele: Eu conheço você desde sempre.
                Ela: Sempre é muito tempo.
                Ele: Mas eu juro que fico pra sempre com você.
                Ela: Não jure nada, você nunca cumpre o que promete.
                Ele: Eu nunca prometi nada a você.
                Ela: Tem razão, porque eu nunca precisei das suas promessas pra sobreviver.
                Ele: Você é uma grossa, sabia?
                Ela: Agora me conte uma coisa que eu não sei.
                Ele: Por que sempre arranja um jeito de me deixar pra baixo? Você é impossível.
                Ele sai batendo a porta. Ela sussurra.
                Ela: Porque eu te amo e eu não consigo demonstrar isso pra você de outra forma. Me desculpe, eu sabia que você não ficaria pra sempre comigo.


terça-feira, 26 de março de 2013

Just feel it


                Por que é tão difícil de aceitar a realidade, de encarar os fatos sem essa névoa de mentiras que me cega? Por que é tão difícil enfrentar o que realmente me espera ao invés de tentar me esconder na segurança dos seus braços e me perder nos seus abraços? Por que eu ainda insisto nessa de tentar fugir do que já é concreto ou de tentar mudar o que já é certo? Por que ainda insisto em você, ainda amo você, ainda preciso de você?
                Não seria bem mais fácil não sentir nada?  Não ver nada, não perceber nada, não viver nada? Sem você, sem o seu perfume, sem a sua voz, sem a sua risada, eu seria mais feliz? Eu seria mais completa ou tentaria preencher o seu lugar com aqueles falsos amores em que eu sempre acreditei? Eu só quero você, eu só preciso de você, eu só queria que sentisse o mesmo por mim. Queria que me amasse tanto quanto eu te amo, que conseguisse assumir e sair desse superficial que te cerca.
                Queria que soubesse tudo o que eu sinto, ou tudo o que eu finjo não sentir. Tudo o que um dia eu já escondi com medo do que iriam pensar, com receio de perder quem eu realmente sinto que pertence a mim. Eu preciso de você, mas eu também preciso que precise de mim. Mas talvez isso não seja tão simples quanto parece, tão fácil quanto aparenta. Eu só queria que sentisse por mim metade do que eu sinto, pra conseguir deixar esse orgulho de lado pra perceber que o meu grande amor sempre foi você.


sexta-feira, 22 de março de 2013

Vou


                Cara, eu vou chorar. Eu vou ficar uma hora debaixo do chuveiro com a água na temperatura mais quente que tiver, vou ouvir aquelas músicas mais fossas da vida, vou assistir a aquelas comédias românticas emprestadas do meu tio e vou chorar mais uma vez. E vou ficar com vontade de te ver, de te abraçar, e de te dizer que eu não estou magoada com você, nem um pouco. A única decepção que tenho, é não ter percebido antes o quanto eu gosto e desejo você, de ter perdido a única pessoa que me fez sentir assim até hoje.
                E aí eu vou sentir todas aquelas sensações misturadas de novo. Vou escrever textos e mais textos sobre você, e ficar vendo suas fotos até amanhecer. E vou querer ir conversar com a sua mãe, e te ouvir tocar violão, e eu vou querer minha mão na sua mão, e sua boca na minha boca. E tudo vai parecer muito mais complicado do que já é, e eu vou desejar todos os dias te abraçar demoradamente.
                Vou querer chamar teu irmão de cunhado e ir junto com você pra onde você for. Vou desejar mais que profundamente que você se declare como eu tenho vontade de me declarar pra você. Vou querer que você me elogie, que beije o topo da minha cabeça e entrelace meus dedos nos seus. Vou querer que saiba o quanto eu quero, o quanto eu amo você. O quanto eu preciso de você na minha vida. 


quarta-feira, 20 de março de 2013

Pra sempre.




                Então você me abraçou. Colocou meu cabelo atrás da orelha enquanto uma lágrima teimosa insistia em descer pelo meu rosto corado. Aspirei seu perfume, e eu sabia, no fundo eu sabia, que aquela seria a última vez. Esse era o nosso adeus, essa era a nossa despedida. Não tinha uma música de fundo, não estava chovendo, muito menos nevando. Estávamos apenas nós dois, na sala do meu apartamento, enquanto passava a novela das 9 na televisão da cozinha. Eu não queria te deixar ir, mas eu sabia o quanto isso era importante pra você.
                Você beijou o topo da minha cabeça, e naquele momento eu me permiti chorar. Me permiti descarregar toda a minha energia em apenas molhar a sua camisa. Você afagou as minhas costas e disse que ia ficar tudo bem. Eu sussurrei no seu ouvido que nada ia ficar bem sem você. Você me puxou para o sofá, e me fez encostar a cabeça no seu peito. Eu podia sentir a sua respiração cada vez mais rápida, a medida que o tempo passava e a nossa separação se aproximava. Eu soluçava descontroladamente.
                Se levantou de repente e foi pro meu quarto, que por vezes tinha sido o nosso. Pegou tudo o que ainda restava de você ali e saiu pela porta. Eu chorava e murmurava o seu nome. E aí eu acordei. Nossas mãos estavam entrelaçadas por cima da cama desfeita. A luz do sol entrava por entre as frestas da persiana e você me abraçou. E colocou o meu cabelo desarrumado atrás da orelha enquanto uma lágrima descia pelo meu rosto. E eu senti o seu perfume. E senti que você era meu, e eu era sua. E assim ia ser, pra sempre.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Se você for.


                Eu não quero que você vá embora. Sei lá, acho que preciso de você aqui tanto quanto preciso dos seus abraços que me confortam. Eu não quero te deixar ir, mais sei o quão importante isso é para você. Sei o quanto vai lutar por isso e que não vai descansar até conseguir. Nunca entendi o fato de eu ter me apaixonado por você. De ter me apaixonado pelo seu cabelo, pelas suas camisetas de banda e pelo seu estranho fascínio por Hitler. Sempre odiei o seu amor ao nazismo. Sempre amei o seu interesse pela Segunda Guerra Mundial.
                Se você for eu vou chorar, eu vou sofrer e eu vou querer gritar aos quatro ventos o quanto eu sinto a sua falta. Eu vou mergulhar em uma tristeza toda vez que ouvir o solo de uma guitarra. Ou toda vez que encontrar o seu irmão pelos corredores da escola. Se você for eu não vou aguentar viver sem ouvir a sua voz, não vou sequer conseguir me manter de pé sem você me dizendo que sou muito idiota por nunca ter ouvido Jimmy Hendrix. Eu vou me debulhar em lágrimas toda vez que assistir ao meu filme preferido, que você sempre detestou.
                Eu só queria que soubesse que eu demorei, sim, pra descobrir esse meu amor por você. Que eu sei que te machuquei demais, e que eu me arrependo mais que profundamente disso. Só queria que você soubesse que eu daria tudo pra poder fazer tudo outra vez. Só queria que soubesse que sem você eu vou morrer, um pouco a cada dia, sem poder tomar seus lábios junto aos meus. Só queria que soubesse que eu te amo. Me desculpe, muito mesmo, por ter demorado demais pra perceber isso. 


sexta-feira, 1 de março de 2013

Chá verde


Ele: Posso me sentar?
Ela: Ahn... Desculpe. Estou esperando uma pessoa.
Ele: Faz duas horas que está aqui no mesmo lugar.
Ela: Como sabe?
Ele: Te observo a três. Me desculpe, só agora tive coragem de me aproximar.
Ela: Se aproximar?
Ele: Saber seu nome, ou se, sei lá, quer um café?
Ela: Eu não gosto de café.
Ele: Ok. Até agora já descobri que tem um amor não correspondido e que não gosta de café. O que mais?
Ela: Quem disse que tenho um amor não correspondido?
Ele: Quem disse que não tem?
Ela: Tá, tá bom. Você venceu. Ele nunca iria querer algo comigo mesmo.
Ele: Ele quem?
Ela: O meu amor não correspondido.
Ele: E quem ia ser idiota o bastante pra não te querer?
Ela: A pergunta é: Quem iria ser idiota o bastante para me querer.
Ele: Essa não, acho que está passando muito tempo comigo.
Ela: Foi você quem quis assim.
Ele: Não, não fui eu.
Ela: Ah, é?! Então quem foi?
Ele: O destino. Ele exerce uma força enorme sobre mim.
Ela: Você é louco.
Ele: Você gosta dos loucos.
Ela: Quem disse?
Ele: Oras. Somente um louco iria te fazer esperar duas horas.
Ela: Somente um louco iria ficar olhando para uma garota sozinha durante três horas seguidas para tomar uma atitude.
Ele: Mas não foram três horas seguidas. Sabe, eu sai pra tomar um café.
Ela: Sem me convidar?
Ele: Mas você nem gosta de café!
Ela: E daí? Eu garanto que nesse Café iria ter um chá.
Ele: Você gosta de chá?
Ela: Verde.
Ele: Eu gosto de café.
Ela: Eu já percebi.
Ele: É. E o que mais percebeu em mim?
Ela: Que é louco o bastante para ir atrás do que quer.
Ele: Exatamente.
Ela: Exatamente o que?
Ele: Eu quero você.
Ela: Mas você nem me conhece.
Ele: E daí?
Ela: Não se começa um relacionamento assim...
Ele: Ok. Vamos começar de novo.
Ele: Posso me sentar?
Ela: Claro.
Ele: Quer tomar um café?
Ela: Não.
Ele: Não?
Ela: Não, eu quero tomar um chá. Verde.