quarta-feira, 20 de março de 2013

Pra sempre.




                Então você me abraçou. Colocou meu cabelo atrás da orelha enquanto uma lágrima teimosa insistia em descer pelo meu rosto corado. Aspirei seu perfume, e eu sabia, no fundo eu sabia, que aquela seria a última vez. Esse era o nosso adeus, essa era a nossa despedida. Não tinha uma música de fundo, não estava chovendo, muito menos nevando. Estávamos apenas nós dois, na sala do meu apartamento, enquanto passava a novela das 9 na televisão da cozinha. Eu não queria te deixar ir, mas eu sabia o quanto isso era importante pra você.
                Você beijou o topo da minha cabeça, e naquele momento eu me permiti chorar. Me permiti descarregar toda a minha energia em apenas molhar a sua camisa. Você afagou as minhas costas e disse que ia ficar tudo bem. Eu sussurrei no seu ouvido que nada ia ficar bem sem você. Você me puxou para o sofá, e me fez encostar a cabeça no seu peito. Eu podia sentir a sua respiração cada vez mais rápida, a medida que o tempo passava e a nossa separação se aproximava. Eu soluçava descontroladamente.
                Se levantou de repente e foi pro meu quarto, que por vezes tinha sido o nosso. Pegou tudo o que ainda restava de você ali e saiu pela porta. Eu chorava e murmurava o seu nome. E aí eu acordei. Nossas mãos estavam entrelaçadas por cima da cama desfeita. A luz do sol entrava por entre as frestas da persiana e você me abraçou. E colocou o meu cabelo desarrumado atrás da orelha enquanto uma lágrima descia pelo meu rosto. E eu senti o seu perfume. E senti que você era meu, e eu era sua. E assim ia ser, pra sempre.

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