domingo, 30 de junho de 2013


                E íamos estar em mais um daqueles domingos chuvosos e tediosos. Eu estaria lendo o meu livro preferido, que você já estava cansado de me ouvir falar sobre ele, e você estaria mexendo no meu cabelo com calma, absorvendo cada parte da música que ouvia pelos fones. Você amava me ver lendo, e eu adorava mexer na sua bochecha. E, de repente, já estaríamos discutindo os nomes dos nossos futuros filhos, entre cantores e atrizes que admirávamos desde muito cedo. Você queria uma família, eu só queria viver ao seu lado pra sempre.

                E, na hora do almoço, uma pizza daria um fim na nossa fome. E você me sujaria de ketchup e riria da minha cara de indignação. E começaríamos uma guerra de comida em que, no final, você me abraçaria e me beijaria como se fosse o último beijo de nossas vidas. Ao anoitecer, nos arrumaríamos pra uma balada qualquer, e você implicaria com o comprimento do meu vestido preto. Mas eu bateria o pé e iria mesmo assim. E chegando lá você encontraria aquela sua amiga antiga, da qual eu sempre me mordi de ciúmes, e, levado pela inconsciência causada pelo álcool, você a abraçaria muito mais forte que o normal. E eu pegaria um táxi e iria embora para o nosso apartamento.

                E, entre lágrimas negras e olhos borrados com o que um dia fora uma maquiagem eu te escutaria chegar, tropeçando no tapete que escolhemos juntos na loja de decoração. E você me viria chorando, e desesperado, correria ao meu encontro, enquanto eu bateria a porta do nosso quarto na sua cara. E você socaria a porta gritando o meu nome, e pedindo inúmeras desculpas que eu sabia que eram sinceras, mas não queria admitir. E você dormiria do lado de fora do cômodo que fora feito pra nós dois. E eu soluçaria de madrugada, e morreria de vontade de te abraçar e sentir seu cheiro e a sua pele gelada contra a minha.

                E, de manhã eu acordaria com o som do seu choro, e me encostaria na porta imaginando ser você. E então eu a abriria, e você iria sorrir pra mim, e me beijar como se o mundo fosse acabar. E pediria desculpas por ser tão idiota, e eu me desculparia por ser tão insegura. E me abraçaria e me levantaria, dançando ao som da minha música preferida. E eu sentiria o seu perfume outra vez.  E você me amaria, e eu te amaria, e nos amaríamos até o fim dos nossos dias.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Trosha, troshão, Léo


                Vou sentir sua falta, sabe? Vou sentir falta das suas risadas escandalosas no meio da explicação da professora e da cara fofa que fazia enquanto dormia na aula de História. E eu vou sentir saudade toda vez que eu ouvir aquela música da Taylor Swift que tem o refrão foda. Eu te conheço à tanto tempo, e sei tão bem como você é que não sei se vou me acostumar tão cedo à ideia de não te ter por perto sempre. São quase 10 anos juntos, mas eu já superei aquela paixonite de 4ª série, tá?! Já brigamos muito, e eu não tô conseguindo achar uma outra forma de escrever esse texto sem que ele fique clichê. Acho que é uma forma de, sei lá, te homenagear, todo esse tempo que a gente passou junto, que a gente riu junto, e que você prometeu socar a cara de alguém que me magoasse. Soque a sua própria cara agora, porque eu vou chorar muito quando chegar a hora de você encerrar esse seu capítulo aqui. Sabe, às vezes pode não parecer, mas eu te amo muito, muito mesmo. Você sempre vai ser o loirinho-bonitinho-com-cara-de-seriado-americano, e eu sempre vou te amar, cara. Aquela sala não vai ser a mesma coisa sem você, e talvez eu chore quando tiver que fazer uma prova de Química em dupla outra vez e me lembrar que de “você passou todas as respostas pra mim”. Só não se deixa esquecer que eu sempre vou estar aqui, para o que precisar. Anota na agenda, escreve de batom – sim, pode ser aquele seu NIVEA de morango – no espelho do banheiro, ou num papel e cola na testa, eu sempre vou estar aqui. Seja pra passar a resposta de alguma questão de Matemática ou só pra me contar pela quinquagésima vez o quão bonita a menina russa das sobrancelhas é. EU-SEMPRE-VOU-ESTAR-AQUI, entendeu ou vai precisar da Fórmula de Bháskara? Ah, velho, você vai fazer muita falta, e eu te amo, e isso tudo já tá ficando muito chato. Pronto, seu texto tá aqui, e você vai estar lá. Posso começar a chorar agora?



Ah, tira a mão da minha bunda, trosha. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Geração Coca-Cola


                Nunca em toda a minha vida achei que diria isso mas, como eu estou orgulhosa de ser brasileira. Pela primeira vez em décadas o nosso país se mostrou diferente do que pensam, se mostrou forte e decidido a mudar, encabeçado por uma geração em que nunca botaram muita fé. Tá aí, agora é essa geração que vai mudar o teu Brasil. Pra melhor, pra muito melhor.
                E não são só por 0,20 centavos. Esse foi só o estopim de tudo. Estamos lutando pela corrupção, pela inflação, pelo abuso de poder, pelo mau uso e controle do dinheiro que é ganho às nossas custas pelos impostos completamente abusivos. É contra partidos e políticos que não nos representam mais, ao contrário, só nos oprimem e proíbem de mostrarmos a real causa disso tudo. Como se já não bastasse toda essa roubalheira, ainda me apresentam mais um motivo para que paguemos ainda mais caro no que já é difícil de pagar. Aliás, não tem postos de saúde com médicos prontos para o atendimento em estádios de futebol, não é?
                Pra quem andava completamente desgostosa com essa época sombria em que vivia o Brasil, ver meus olhos se enchendo d’água a cada imagem que vejo sobre os protestos. É um misto de tristeza, pelo nosso país ter chegado a esse ponto, e de orgulho pela nossa nação ter tido essa coragem que poucos ainda possuíam para sair às ruas exigindo direitos que nunca sequer foram cogitados para a população. Tudo isso faz algo crescer aqui dentro, algo que eu ainda não sei o que é. Talvez uma felicidade imensa por, finalmente, o Brasil não ser mais motivo de chacota e risada no exterior. Por não terem mais aquela velha imagem formada de só futebol e bundas morenas rebolando no Carnaval. Aqui não é só isso não, aqui tem muito mais. Tem uma população revoltada e decidida a ir e conseguir o que quer. Liga a TV aí, vê o tanto de gente que tá querendo mudar esse Brasil, e se orgulhe, de pertencer a essa nação, filhos da revolução.