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a.m. Me deixa mais cinco minutinhos. Me deixa dormir mais a vida inteira, me
deixa no quentinho da minha cama, no vazio da minha solidão. Não, espera.
Melhor não. Levanta, penteia esse cabelo, passa um corretivo pras olheiras,
passa aquele perfume que você adora. Coloca aquela blusa que mostra o teu ombro
e sai de cabeça erguida. Mais um dia, colega, mais um dia sem você. Só hoje,
apenas hoje.
Deixa a
chave debaixo do tapete. Coloca os fones de ouvido e encara o mundo com o nariz
em pé. Metida sim, antipática, também. Mas só hoje, apenas hoje. Resolve tudo
da sua maneira, como bem entender. A vida é sua, o amor também. Eu só queria te
esquecer. Eu só queria deixar de te amar, só hoje, apenas hoje.
Tava
tudo muito bem, não tinha sequer cruzado com você nessa nossa cidade tão
pequena e eis que surge, com um violão pendurado nos ombros e segurando a mão
do seu irmão. Guarda o violão no carro, vem me cumprimentar. Tô atrasada,
desculpa. Tô sem tempo pra mim, sem tempo pra você, sem tempo pra nós dois e
sem tempo pra te encarar, olho no olho e admitir pra mim mesma que o que eu
sinto é amor mesmo. Mas só hoje, apenas hoje.